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quarta-feira, abril 24, 2024
ÁguaDestaque

A qualidade da água em indústrias e serviços de saúde

Artigo assinado pelos especialistas Maximino Bernardes Neto, da Medlab, e Rodolfo Cosentino, da Giltec, traz experiências que podem auxiliar na economia deste fundamental recurso.

 

A experiência resultante de considerável dedicação de gestores de sistemas de tratamento e purificação de água, que primam pelo coerente funcionamento de complexos equipamentos em indústrias e serviços de saúde, especialmente de hemodiálise, nos trazem, através da experiência prática em rotinas de coletas e ensaios, informações importantes para um melhor uso dos recursos operacionais e econômicos, alcançando eficácia nas ações corretivas e preventivas pela estabilidade da qualidade da água gerada e segurança dos seus mais variados usuários.

Entendemos que o conhecimento científico, enriquecido com a experiência prática, tende a encurtar o espaço de tempo entre o planejamento, decisão, ação e avaliação dos efeitos para a obtenção de resultados satisfatórios num processo dinâmico como é a realidade na validação de gestão de sistema tratamento de água. E em se tratando de água aplicada em processos farmacêuticos ou em serviços de saúde, o tempo é o recurso mais escasso de que dispõe os profissionais envolvidos. E diante deste fato, experiências relatadas, como a seguir, podem auxiliar na economia deste fundamental recurso.

Água potável
A qualidade da água se altera conforme a região geográfica do país. Seja por razões geológicas, de atividades produtivas ou de variações climáticas.

Num país de dimensões continentais como no Brasil, as variáveis geográficas e geológicas devem ser identificadas, reconhecidas e consideradas desde o planejamento de um sistema de tratamento de água. Na região litorânea, por exemplo, temos água salobra, rica em materiais orgânicos decompostos e em Cloretos. Já em regiões centrais do estado de Minas Gerais tem-se a rica área de mineração com altíssimos teores de Ferro, ou ainda, em outras regiões com a presença do calcário, com a interferência insistente do Cálcio nas águas captadas. Mas também temos as regiões de águas minerais, onde a água brota com abundância e com características mais amenas e de fácil tratamento.

Não obstante das variações geológicas, temos a participação o elemento “atividade produtiva” de cada região. Em regiões de atividade agrícola observa-se um maior risco de se deparar com resíduos de agrotóxicos e medicamentos de uso animal, a exemplo dos organoclorados e organofosforados, ou de resíduos orgânicos e de desinfetantes lançados por frigoríficos e avícolas.

Em regiões de intensa urbanização, como se observa nas capitais mais importantes, o risco se acentua pela presença de óleos, graxas, surfactantes, ou outros resíduos químicos em decorrência do lançamento ainda não fiscalizado de efluentes industriais nos conjuntos de água.

Indiferente às características regionais do local de captação da água geradora, as águas de superfícies são ricas em material orgânico e tem uma temperatura média constante mais alta, sofrendo interferência da variação dos níveis pluviométricos e dos efluentes. Contudo sofrem menor interferência de minerais que se acentuam apenas no subsolo.

Enfim, em todas as regiões podemos nos deparar com características e eventos que irão influenciar no planejamento e definição do conjunto de equipamentos e rotinas de operação de sistemas de tratamento e purificação. Não há um modelo estabelecido de equipamento ou sistema que alcance e mantenha níveis satisfatórios de quantidade e qualidade de água purificada disposto em catálogos.

Sob o aspecto de segurança da potabilidade da água geradora, os parâmetros estabelecidos pela Portaria Interministerial n. 2914/2011 do Ministério da Saúde deverão ser observados e garantidos. E estes mesmos parâmetros são base para padronização da água geradora que alimenta os sofisticados sistemas de purificação para uso industrial ou em serviços de saúde.

Para todas as fontes geradoras da água potável que atendam os padrões de potabilidade, o risco com desvios advindos das manutenções nos sistemas de captação e distribuição, ou até pela falta desta atividade, são potenciais interferentes na qualidade da água captada. Pois a manutenção pode desprender resíduos de reservatórios ou tubulações e estes chegarem em condição concentrada nos pontos de uso e consumo. E em se tratando de sistema de purificação de água essas variações interferem diretamente no tempo de vida útil dos equipamentos provocando falhas agudas, crônicas e até o entupimento de filtros.

Os sistemas ou processos de armazenamento da água potável devem levar em consideração alguns importantes fatores estruturais – materiais e superfícies – das tubulações e reservatórios, primando sempre por compostos com menor rugosidade e minimização da freqüência de emendas, facilitando o fluxo da água, a manutenção e a higienização periódica das partes internas.

O posicionamento do reservatório – caixa d água – também é fator importante. Se este for instalado em local de exposição ao Sol direto a água ali se aquecerá e o Cloro se volatizará facilmente deixando a água sem este preservante fundamental.

Aspectos conjunturais também determinam a estabilidade dessa água. Em períodos de chuva o volume de água aumenta consideravelmente, diluindo melhor a concentração de sólidos totais e reduzindo a temperatura média. Todavia, o arraste de sujidades, coliformes e outros microorganismos também evoluem ampliando o risco de contaminação.

Em períodos quentes e/ou de estiagem se tem a redução do volume, aumentando a concentração de sólidos totais dissolvidos, geralmente no fundo dos reservatórios, aumentando a temperatura média e a proliferação de microorganismos que, na maioria deles, requer temperatura elevada para se reproduzirem. E ainda, a perda do teor dos desinfetantes de água (ex.: Cloro) é maior, pois se volatilizam com o aquecimento, viabilizando ainda mais a proliferação microbiana.

A qualidade da água potável que se consome requer uma profunda e extensa avaliação das condições de captação, tratamento, distribuição e armazenamento. O trabalho que se tem para estabilizar e preservar a qualidade da água é muito intenso, pois a água é viva e fonte de vidas, seja estas benéficas ou maléficas ao uso em produção, processos e consumo humano.

Na semana que vem, a segunda  parte deste artigo falará sobre a água purificada / tratada por osmose reversa ou outro sistema purificador.

Maximino Bernardes Neto Gerente comercial da Medlab – Laboratório de Análises
Colaboração: Rodolfo Cosentino – diretor da Giltec e colaborador técnico do Portal Boas Práticas

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