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sexta-feira, abril 19, 2024
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Estudos revelam as perdas de água em municípios paulistas

O objetivo é conscientizar as autoridades e os responsáveis pelas empresas de saneamento locais sobre esse grave problema e propor soluções viáveis

Muita gente, no Brasil todo, sofre com a falta de água nas torneiras e com o esgoto a céu aberto. E diferente do que normalmente é divulgado à população, a escassez e o racionamento de água não acontecem apenas e necessariamente devido à falta ou pouca incidência de chuvas, mas estão relacionados também a outros fatores, dentre os quais, as perdas de água que ocorrem no processo de distribuição.

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Diante disso, é insustentável que no país todo ainda persistam as perdas de água tratada que são da ordem de 51% em média (segundo o SNIS 2020 – água tratada x água consumida), chegando a superar 70% em algumas regiões. Inconformado com essa situação, Enéas Ripoli, sócio fundador das empresas Gestágua Consultoria em Perdas de Água e da SmartAcqua Soluções Tecnológicas, da qual é CTO, está realizando estudos que mostram as perdas de água em vários municípios e os ganhos que poderiam ser obtidos pelas empresas responsáveis pelo saneamento e para a população local se esse problema fosse minimizado. Até o momento, foram concluídos os estudos sobre várias cidades do estado paulista e enviados aos respectivos prefeitos. “E, caso seja necessário, esses estudos serão enviados também para as câmaras de vereadores, para o ministério público e para entidades de classe que se preocupam com o sofrimento das populações que não têm água para suprir suas necessidades básicas”, destaca Ripoli. O objetivo é, além de conscientizar, também propor soluções sobre essa questão, dentre as quais, o emprego de tecnologias que utilizam Inteligência Artificial.

“A tecnologia é uma aliada importante no combate às perdas de água e pode, em curto prazo, contribuir para que as empresas públicas e privadas de saneamento consigam cumprir o que estipula o novo marco regulatório, ou seja, que as perdas sejam de no máximo 25% até 2033. Para alcançar esse objetivo, as companhias terão que modernizar suas estruturas de forma sistemática, como também fazer uma gestão contínua, porque as perdas de água acontecem todos os dias, o que requer monitoramento constante para identificar vazamentos, obsolescência e fraudes”, justifica.

O que falta, segundo Ripoli, é maior comprometimento das empresas de saneamento, públicas e/ou privadas, e fiscalização por parte das agências reguladoras sob a ótica do Novo Marco, como também vontade política dos governantes para tomar ações concretas e rápidas para reduzir substancialmente as perdas de água que, no curto prazo, poderiam ajudar no abastecimento de água à população, especialmente em regiões de escassez hídrica.  “Digo isso com conhecimento de causa pois em minha trajetória profissional trabalhei em duas grandes empresas de saneamento – uma delas, hoje a maior do país, e a outra, a maior do mundo -, e tenho mais de 40 anos de atuação com foco na otimização de processos e 20 anos como consultor na busca da eficiência operacional”, justifica.

Como exemplo, Ripoli destaca a situação da cidade de Itu que, de acordo com o SNIS 2019, perdia 51% de água (indicador IN049) e no SNIS 2020 essa perda foi para 54%. “Isso prova que quando são feitos projetos sem sistematização não é possível obter e/ou manter ao longo do tempo os resultados esperados”, salienta.

 As principais consequências das 54% de perdas de água na cidade de Itu são:

– Falta de água para a população, o que afeta a saúde pública;

– Rodízio do abastecimento de água, impedindo o dia a dia normal das pessoas para higiene pessoal e da casa; e das empresas;

– Retirada de 54% a mais de água dos mananciais, secando as reservas mínimas necessárias para a sobrevivência da população;

– Retirada excessiva de água das reservas hídricas, inviabilizando o plantio de alimentos imprescindíveis à sobrevivência;

– Geração de custos operacionais desnecessários, especialmente de energia elétrica (cara e escassa também), sendo que esses recursos poderiam ser alocados na saúde, educação, em tarifas justas etc.

“Se a cidade de Itu diminuísse suas perdas de água de 54% para 25% (meta do novo marco regulatório) teria como benefícios: água para abastecer mais 109 mil pessoas (70% da população hoje); e teria recursos financeiros otimizados na ordem de R$ 18 milhões por ano para investimentos”, explica Ripoli.

Na tabela abaixo constam as perdas atuais de água (segundo SNIS 2020 – IN049) em alguns municípios paulistas, quantas pessoas poderiam ser atendidas se as perdas fossem reduzidas e chegassem a 25%, e quais os ganhos potenciais totais que as empresas de saneamento dessas cidades poderiam obter para investir e inclusive para autofinanciar as próprias perdas. Os números são impressionantes.

 

Cidades Perdas atuais Redução Pessoas atendidas/dia Ganho Potencial Total por empresa/ano
         
Americana 48% 25% 140 mil R$ 18 milhões
Araraquara 46% 25% 155 mil R$ 20 milhões
Bauru 49% 25% 220 mil R$ 33 milhões
Bebedouro 38% 25% 13 mil R$ 5 milhões
Birigui 45% 25% 97 mil R$ 5 milhões
Cruzeiro 59% 25% 92 mil R$ 4 milhões
Itu 54% 25% 109 mil R$ 18 milhões
Jacareí 38% 25% 45 mil R$ 12 milhões
Leme 47% 25% 53 mil R$ 8 milhões
Marília 48% 25% 150 mil R$ 16 milhões
Mauá 45% 25% 135 mil R$ 36 milhões
Mogi das Cruzes 48% 25% 115 mil R$ 44 milhões
Mogi Guaçu 46% 25% 86 mil R$ 7 milhões
Mogi Mirim 43% 25% 43 mil R$ 5 milhões
Ourinhos 54% 25% 95 mil R$ 15 milhões
Pirassununga 40% 25% 30 mil R$ 3 milhões
Ribeirão Preto 49% 25% 610 mil R$ 70 milhões
Santa Bárbara D’Oeste 56% 25% 150 mil R$ 23 milhões
São Carlos 44% 25% 140 mil R$ 24 milhões
Sorocaba 36% 25% 135 mil R$ 26 milhões
Valinhos 36% 25% 30 mil R$ 4 milhões

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