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quinta-feira, abril 25, 2024
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Método reduz uso de cobaias e ajuda a produzir novas drogas

O longo caminho entre a descoberta de um princípio ativo e o desenvolvimento de um medicamento exige numerosos – e muitas vezes custosos – testes e análises. Mas a tecnologia pode ajudar a tornar esse fluxo mais rápido e barato e ainda reduzir o uso de animais nos laboratórios. Essa é a proposta do Centro de Espectrometria de Massas Aplicada (Cemsa), uma das empresas incubadas pelo Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), localizado na USP.

Desde 2008, o Cemsa vem atendendo, principalmente, a indústria farmacêutica por meio de serviços laboratoriais até então inexistentes no Brasil. Trata-se de um conjunto de ensaios cujos resultados servem de base para a avaliação do potencial farmacológico de uma molécula, indicando se vale a pena levar o projeto adiante e as adequações necessárias para que possa, efetivamente, resultar em um medicamento.

“A ideia é que se houver falhas, elas aconteçam mais cedo e não em uma fase lá na frente”, conta o químico Daniel Lebre, sócio-fundador da empresa. Os testes permitem conhecer melhor as características de uma molécula – ela pode servir a um determinado objetivo, por exemplo, mas apresentar alta toxicidade. Nesse caso, os testes in vitro são capazes de identificar a propriedade indesejada, dispensando a aplicação de testes em animais nesta etapa.

Potencial farmacológico
Segundo Alexandre Scuotto, sócio responsável pela gestão financeira da empresa, há pesquisas que indicam que cerca de 40% das drogas em desenvolvimento falham por apresentar baixa propriedade biofarmacêutica, ou seja, características físico-químicas pouco interessantes para a indústria. Essa também é uma das principais razões para o atraso no processo de desenvolvimento.

As análises feitas pelo Cemsa, assim, fornecem respostas mais rápidas e eficientes sobre as substâncias estudadas a partir de ensaios de absorção, distribuição, metabolismo e eliminação, conhecidos pela sigla ADME. Estas análises dizem, entre outras informações importantes, se o fármaco que está sendo pesquisado atinge a circulação sanguínea, se após entrar na corrente ele alcança o alvo pretendido e a velocidade com que o organismo metaboliza a droga, características fundamentais para avaliar seu potencial.

Os testes realizados no laboratório utilizam como método a espectometria de massas. “Trata-se de uma ferramenta analítica capaz de análises quantitativas e qualitativas importantes. O equipamento é o coração dos ensaios”, explica Daniel Lebre. Ao “quebrar” as moléculas, o espectômetro permite conhecer cada fragmento dela e identificar, a partir da massa calculada, quais átomos a compõem.

Segundo o químico, ao entrar no organismo, uma molécula pode se transformar de diversas formas. Com os testes, é possível prever essas modificações e verificar se elas são tóxicas, e entender o metabolismo da droga, viabilizando a análise sobre seu potencial. “No caso de um antidepressivo, a ideia é que ela fique bastante tempo na corrente sanguínea. A molécula não pode ser eliminada muito rápido”, exemplifica Lebre.

Pela alta sensibilidade do equipamento, o espectômetro é usado não apenas na indústria farmacêutica, mas também na produção de cosméticos, alimentos e análises anti-doping, por exemplo. O aparelho do Cemsa foi adquirido com o apoio do Programa Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).

Desde 2008, o Cemsa atende a indústria farmacêutica por meio de serviços laboratoriais até então inexistentes no Brasil.

Fonte: Agência USP


 

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