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sábado, abril 20, 2024
Controle de pragasDestaque

Medidas preventivas para o controle de formigas

As formigas são insetos da Ordem Himenoptera, havendo mais de 2.000 espécies descritas no Brasil. Dentre elas, algumas dezenas são consideradas pragas.

Todas as espécies de formigas vivem em sociedade, numa organização que prioriza a defesa da comunidade como um todo, otimiza a busca de alimento e a exploração de locais onde possam construir seu ninho.

No ninho habitam os ovos, larvas e os indivíduos adultos, representados pela rainha e operárias. Algumas delas têm modificações na mandíbula, algumas vezes no tamanho, sendo denominadas soldados. Acredita-se que larvas alimentadas com alto teor de proteína se desenvolvem como soldados; por outro lado, larvas alimentadas com baixo teor de proteínas se desenvolvem como operárias.

Numa determinada época do ano, um grande número de indivíduos reprodutores alados (machos e fêmeas) são produzidos. Após estarem sexualmente maduros, saem do ninho para revoada, buscando seu par para a cópula e fecundação. Os machos morrem após a cópula, e aqueles que não fecundarem ou não revoaram serão expulsos da colônia após esse período.

As formigas apresentam uma dieta bastante variada. A maior parte das espécies é onívora, ou seja, tem uma grande opção de alimentos, seja ele doce, salgado, gorduroso. Esse alimento é coletado pelas operárias, guardado no papo e depois distribuído para os indivíduos do interior do ninho: soldados, larvas e reprodutores. Essa distribuição do alimento boca a boca é denominada trofalaxia. De um modo geral, as larvas necessitam de proteína, para seu desenvolvimento. E os adultos requerem uma dieta rica em carboidratos.

Cerca de 30% da população de uma colônia sai para buscar alimento. Os outros 70% continuam no interior da colônia. Esse fato é fundamental para se compreender qual estratégia será utilizada para controle de uma população de formigas em um ambiente.

As formigas domésticas ou formigas doceiras apresentam algumas características que as tornam muito bem adaptadas às construções humanas, ou seja:

  • Colônias geralmente apresentam mais de 1 rainha.
  • Apresentam facilidade em buscar um local para construção do ninho.
  • Esse local geralmente não é muito estruturado. Uma fresta na alvenaria, um buraco em um rejunte de azulejo, ou em um batente, ou uma fresta embaixo do gabinete da cozinha são locais bem propícios.
  • Tem a tendência de mudar o ninho de lugar com relativa facilidade.
  • Por algum distúrbio enfrentado pela colônia, pode haver a fragmentação da mesma (chamado sociotomia). Nesse caso, a colônia original pode se dispersar em outras colônias menores, cada uma com operárias, larvas e rainhas. A médio prazo (semanas) a infestação se multiplica.

As formigas que vivem nas nossas residências ou outros imóveis vão se utilizar dos mesmos alimentos que buscamos: bolo, doces, bolachas, salgadinhos e outros alimentos que muitas vezes deixam migalhas pelo chão. Além dessa forma de alimento, algumas formigas podem se alimentar de insetos mortos e outras substâncias que, embora contenham proteínas ou açúcares, para nós é de grande repugnância, tais como escarros, vômitos, fezes e outros. Como as formigas não têm a acuidade gustativa semelhante à nossa, serão alimentos de qualquer forma. Esse é um dos principais meios de contágio das formigas com agentes infecciosos (principalmente bactérias). Se essas formigas habitarem ninhos em hospitais ou centros médicos, existirá um risco de infecção hospitalar.

Para elaboração de uma estratégia de controle das formigas em um ambiente, torna-se fundamental o conhecimento da espécie em questão, seus hábitos alimentares, os locais de busca de alimento e os pontos de ocorrência. Desta forma, uma abordagem mais precisa dos focos terá grande diferença na eficácia dos tratamentos.

Lembrando que a maior parte da população de uma colônia se encontra no interior do ninho, não devemos nos preocupar exclusivamente com as formigas que vemos buscando e coletando alimentos pelo imóvel. Sabendo onde as formigas estão saindo (em quantos locais, com que freqüência), deve-se informar à empresa de controle de pragas essas ocorrências, de modo a facilitar os tratamentos. Será sempre necessário buscar a ajuda de um profissional, pois em muitos casos os tratamentos caseiros podem não surtir o efeito desejado e, se houver a fragmentação da colônia, o problema se tornará ainda maior. E certamente os custos para correção de um tratamento mal solucionado serão mais pesados para o bolso do cliente.

Para um efetivo controle das formigas, algumas medidas preventivas podem ser feitas, tanto no ambiente como na mudança de alguns hábitos das pessoas. Lembrando que todas as pragas necessitam de 4 elementos para infestar os ambientes: água, alimento, abrigo e acesso (“4As”), devemos considerar:

  • Recolher restos de alimentos e qualquer outro tipo de lixo em recipientes adequados
  • Não deixar migalhas em mesas, no piso, bancadas, pias
  • Não realizar lanches na mesa de trabalho, pois as migalhas podem entrar em locais imperceptíveis, como teclado, e atrair as formigas
  • Realizar vedação de frestas em azulejos, batentes, rodapés, pisos, e outros locais que ofereçam abrigo para as formigas
  • Não deixar pratos sujos na pia de um dia para o outro. Algumas espécies de formigas tem hábitos noturnos, e terão alimento farto à disposição.

Bibliografia
CAMPOS-FARINHA, A. E. et all. Formigas Urbanas. 2ª ed. Boletim Técnico do Instituto Biológico, São Paulo, 1997. 20p.

BUENO, O; C.; CAMPOS-FARINH, A. E. As Formigas Domésticas. Em MARICONI, F. A. M. Insetos e outros Invasores de Residências. Biblioteca de Ciências Agrárias Luiz de Queiroz, vol.6. 1999.

Francisco Andrade do Carmo Junior – biólogo, técnico responsável da Tecnomad

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