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sábado, abril 20, 2024
Opinião

Sustentabilidade: de gestão ambiental a responsabilidade social

Autora: Ana Paula Teixeira

Consumidores, financiadores, acionistas e potenciais investidores exigem, cada vez mais, compromissos éticos das corporações. Não basta apenas olhar para o resultado econômico-financeiro para avaliar o desempenho de uma empresa. A performance de uma companhia também é avaliada e medida levando-se em conta as iniciativas de todas as partes envolvidas e cada etapa da cadeia produtiva, bem como o impacto nos recursos naturais, com foco na Sustentabilidade, que representa um modo de suprir as necessidades humanas sem comprometer as futuras gerações.

O conceito de sustentabilidade começa na questão da gestão ambiental, que se resume em um sistema de atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, processos e recursos para desenvolver, atingir, analisar e manter a política ambiental.  O objetivo é fazer   a empresa minimizar os impactos e efeitos negativos provocados no ambiente por suas atividades de produção, seja em produtos ou serviços.

A empresa sustentável do século XXI é aquela que avalia todo o ciclo de vida   do produto, calcula suas emissões de carbono e desenvolve uma estratégia de minimização e, no longo prazo, de eliminação desse conteúdo de carbono. A “descarbonização” é a única meta aceitável em uma estratégia de sustentabilidade no longo prazo. Para a maioria dos produtos e serviços ofertados no mercado global, é possível obter reduções significativas das emissões de carbono ou do grau de carbonização recorrendo a tecnologias já disponíveis.

O que forçará mudanças no perfil de carbono da demanda e da produção de bens e serviços? Com certeza, os fatores mais determinantes serão o aumento e redefinição da ação regulatória do Estado e a presença crescente de um novo agente regulador: a agência multilateral ou global.

As políticas energéticas em diferentes países estão sendo progressivamente reorientadas a fim de atingir, no longo prazo, padrões de produção e uso de energia que levem em consideração fatores como segurança do abastecimento e disponibilidade de recursos energéticos, busca de flexibilidade da demanda e preocupação e responsabilidades ambientais. Leilões de cotas e créditos de emissões de carbono, impostos sobre carbono, regras restritivas e proibições diretas de determinadas práticas e usos se tornarão frequentes e comuns nos próximos anos. Quem não se adaptar a esse novo cenário perderá competitividade, mercado e, no limite, não conseguirá sobreviver nele.

Além da ecológica, a sustentabilidade tem mais quatro dimensões que devem ser levadas em consideração por qualquer empresa. A sustentabilidade espacial é voltada para a obtenção de um cenário rural-urbano mais equilibrado, enquanto a cultural inclui a procura por raízes de processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados que facilitam a geração de Soluções específicas para um lugar e cultura.

Já a sustentabilidade econômica é alcançada através do gerenciamento eficiente dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e privados. E a sustentabilidade social envolve a criação de um processo de desenvolvimento sustentado por uma civilização com igualdade na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir as diferenças entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres.

Nesse sentido, ser uma empresa sustentável não é apenas ter uma Política Ambiental muito bem elaborada e constantemente monitorada e mensurada, mas representa também, práticas honestas e legais de trabalho. Entre elas estão remunerações justas e ambiente de trabalho seguro e adequado aos funcionários; inclui pensar em toda a cadeia de suprimentos; pensar nas comunidades e populações envolvidas em   cada   etapa dos   processos do negócio; geração de emprego e renda a jovens e comunidades carentes; não- exploração de mão de obra infantil; promoção de ações e programas sociais que visem minimizar os impactos da concentração de renda e muito mais.

Sob a atual pressão mercadológica e da sociedade, a empresa que não incorporar o conceito de sustentabilidade, verdadeiramente, em sua gestão de negócios e não apenas no discurso ou nas ações de marketing, provavelmente terá dificuldades em sobreviver às próximas décadas. Já é um fato que empresas que aderiram a gestão ambiental com responsabilidade, vivenciam os benefícios da   sustentabilidade em suas diferentes esferas organizacionais (benefícios econômicos, estratégicos e incremento da receita corporativa), mas o que muitas empresas não levam em consideração é que encontrar o equilíbrio entre o social, o econômico e o ambiental torna possível melhorar a gestão ajudando a proteger, gerenciar e promover o crescimento dessa empresa.

A Sustentabilidade aplicada na estratégia empresarial implica reforçar o planejamento de longo prazo. A estratégia do negócio passará a ter o foco muito além na empresa em si mesma e na primeira camada da esfera de relacionamento, que cobre as cadeias de suprimento e a distribuição e venda. Pensar em sustentabilidade é pensar grande, pensar amplo. É construir uma relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona para contribuir com o desenvolvimento da sociedade como um todo.

Ana Paula Teixeira é graduada em administração de empresas e pós-graduanda em Marketing, ambos pela PUC-SP. Atua como analista de Marketing e Comunicação da Intertox, empresa referência nacional no segmento de segurança química, gestão ambiental e tecnologia da informação.  

 

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