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sexta-feira, abril 26, 2024
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Boas Práticas: catequese ou convite à inovação?

Estreia no Portal Boas Práticas a coluna Opinião, de Ivan Milano, executivo com larga experiência na área de operações e Supply Chain  em empresas de grande porte como Pfizer, Novartis, AstraZeneca e Wyeth.

 
Recentemente li um artigo neste mesmo espaço que falava sobre serialização/ rastreamento de produtos farmacêuticos tema apaixonante que desperta várias interpretações e pontos de vista acalorados.  Alguns anos atrás durante uma palestra para um público variado com administradores, farmacêuticos, engenheiros , químicos e gente de logística porém em nível de média gerência e faixa etária ao redor de 30 anos,  tive a coragem ou petulância de afirmar que poderia ser uma grande oportunidades para as plantas em questão visto que isto propiciaria uma revisão completa dos processos adotados: da recepção dos materiais até a expedição, do ERP ao sistema de qualidade adotado, do controle de processo ao preenchimento das ordens de embalagem.

Quase fui linchado pela platéia sendo que um rapaz mais exaltado iniciou um embate duro comigo que os anos de experiência permitiram que a coisa voltasse ao ritmo normal rapidamente. Porém foi uma enorme surpresa pois, tratando-se de gente jovem , bem preparada , geração Y e supostamente com ambição latente, esta seria uma oportunidade de ouro para alavancar suas carreiras e não uma luta descomunal para manter o status quo.  Comportamento atípico que mereceria um estudo psicológico que não sou habilitado a conduzir. Mas sinceramente esperava bem mais….

Imagino este pessoal regressando ao trabalho e comentando com a chefia sobre o “absurdo” que falei quando possivelmente foram brindados com o seguinte argumento de venda do projeto :

“Isto não passará (não cabe aqui discutir temas regulatórios / políticos  / rastreabilidade na cadeia ), mas se passar lembre-se que é mandatório por que é boa prática” . Extraordinariamente motivacional.

Alguns consultores adoravam me falar que seguir procedimentos  é como um processo de catequese e portanto não é muito difícil relacionar a responsável pela Garantia de Qualidade com a figura de uma madre superiora, o que convenhamos algumas têm uma identificação total com este papel.

Ou então que uma das razões de não aderência ao programa de melhoria contínua é a falta de envolvimento ou suporte da diretoria. Parcialmente verdade, se é que existe verdade parcial.

Mas desde quando boas práticas se resumem a isto?!

E ao mesmo tempo quem consegue quantificar com razoável acuracidade o montante perdido com “poor quality “ nas plantas farmacêuticas?

Quantas pessoas conseguem enxergar a lógica e as interrelações em um bom sistema de qualidade?

Quantas áreas de melhoria contínua, process improvement, lean manufacturing, six sigma realmente estão capacitadas a desempenhar o que delas se espera?

Por que tantos atrasos na entrega de produtos? De projetos?

Qual o PCE (process cycle efficiency) dos produtos A fabricados ? E o OEE?

Qual foi o retorno real dos investimentos efetuados nos últimos 5 anos?  Incluir aí os investimentos com treinamento e consultoria.

A resposta a muitas e outras perguntas que vocês devem estar se fazendo tem como raíz a compreensão real do que significa o termo  boas práticas e como consolidar estes resultados em prol da excelência organizacional.

Discutir estes temas e buscar respostas a estas perguntas são minhas propostas para os próximos artigos. Aguardo ansioso a colaboração de todos os leitores.

Ivan Milano

ivan milanoSobre o autor:
Executivo com larga experiência na área de operações e Supply Chain  em empresas de grande porte como Pfizer, Novartis, AstraZeneca e Wyeth, responsável por turnarounds, projetos de expansão, fusão de plantas, modernização e adequação aos mais exigentes requerimentos de Qualidade com foco em máximo atendimento às necessidades de mercado com reconhecimento local e internacional. Formado em Engenharia de Produção, Ivan Milano atua como palestrante e participou de diversos cursos de desenvolvimento no Brasil e Estados Unidos , Canadá, América Latina, Europa e Ásia,  além de vivência internacional de 5 anos no México. Atualmente sócio-diretor da Maverick, Consulting, especializada em life sciences.

3 thoughts on “Boas Práticas: catequese ou convite à inovação?

  • Raimundo Getulio Chaves

    Caro Ivan, parabéns pela coluna que vem reforçar ainda mais os leitores com sua bagagem de conhecimentos e experiências. Desejo sucesso!!!

  • Excelente resumo! A compreensão do termo “boas práticas” é, sem dúvida muito mais abrangente do que se imagina!
    Este conceito foi, ao meu ver, pasteurizado por meio das diversas Normas que foram aparecendo com o tempo (desde a década de ’90). Cabe, portanto, à Liderança das empresas dar a dimensão correta e desenvolver os planos adequados para a construção e sistematização das boas práticas…

  • Parabéns Ivan, por mais essa nova conquista!
    Desejo muito Sucesso para voce! Abs, Claudia Cardillo

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